Eu não jogava Spirit Tracks há mais de seis anos... Basicamente, desde que consegui o meu 3DS. Pior ainda: mesmo com o passar dos anos, a ideia de pegá-lo de novo nunca teve muito apelo. Eu gostava do jogo, me diverti bastante com ele e, enquanto pude, o terminei pelo menos umas três vezes.
Algumas partes do jogo vinham à mente com certa frequência: a trilha sonora, a estrutura, carregar passageiros e carga de ponto A a ponto B...
A saudade até que bateu quando o jogo deu origem a uma fase em Super Smash Bros. for 3DS, mas, ainda assim, não era nada o suficiente para me fazer ir atrás do jogo, de novo.
Foi somente quando um desconto foi ofertado pelo My Nintendo que eu ousei pensar de novo em pegar Spirit Tracks. O jogo, que está na eShop do Wii U há alguns anos, me pareceu bem atraente de novo, e mais ainda por conta da fase de Smash ter ganhado uma versão em HD em Super Smash Bros. Ultimate.
Beleza, comprei o jogo, baixei e comecei a jogar de novo. E, embora ainda não tenha terminado-o novamente, acredito que me lembrei das coisas boas e das coisas ruins.
Minha reação à abertura, inclusive, me acertou mais ou menos da maneira que eu esperava.
A cena de abertura, somada à trilha sonora, quase me fizeram soltar umas lágrimas de saudade. E, no geral, eu ainda acho que é uma das, senão A melhor abertura em toda a série Zelda (que, nos últimos títulos, parece estar contente apenas com um fundo sem nada acontecendo - isso desde o Skyward Sword, agora que paro pra pensar...) - ela estabelece o tema principal do jogo, mostra quem são os nossos protagonistas e, mais ainda, dá uma ideia de como é a relação entre os dois.
O tom geral da trama também veio bem rápido: apesar de ser mais um jogo de Zelda - o que, essencialmente, significa que teremos visuais e personagens bem cartunescos em uma trama de tom bem leve, no geral - essa é uma história que tem seus momentos um tanto mais sombrios, coisa que se torna óbvia logo nas primeiras cenas do jogo.
Além de ter um tom consistente, a história é muito interessante, saindo um pouquinho da zona de conforto de jogos de Zelda. A princesa titular tem um grande papel e, estando junta, e interagindo com o Toon Link, que, até hoje, continua sendo a versão mais expressiva, e com mais personalidade de todas as outras encarnações do Herói, faz das várias cenas desse jogo realmente incríveis. As interações entre este Link e esta Zelda estão dentre os pontos fortes do jogo, e é, sem sombra de dúvida, uma das melhores da série; mesmo em jogos onde os personagens já se conhecem de eventos passados, nunca houve tanta interação entre eles. Eu especialmente gosto da personalidade da princesa: ela é primeiramente apresentada como essa líder impassível e calma, mas, à medida em que outras coisas acontecem, você descobre pequenos detalhes sobre ela: a princesa detesta insetos e ratos, é um pouco grosseira, mas, amável (um traço que, acredito, referencia Tetra, confirmada como ancestral desta Zelda), bem vaidosa e bastante descuidada no que diz respeito em falar sem pensar. Mais do que isso, ela também é muito energética, e bem animada. Eu citei, há muito tempo, que esta era a minha Zelda favorita de toda a série e, jogando de novo, ouso dizer que ainda tenho a mesma opinião. ELA É TÃO BACANA, GENTE!
Praticamente desde o começo, a história apresenta muita personalidade, até se livrando dos mitos típicos de Zelda: a Triforce, Ganon, as três Deusas? Tudo isso é deixado de lado em prol de um universo praticamente novo, onde esses elementos são substituídos por outros mais apropriados. Claro, temos aqui os equivalentes, mas, a mudança de nomes, por menor que seja, continua sendo muito positiva.
Agora, em termos de jogo, meus elogios não são TÃO óbvios assim, mas, continuam sendo vários, e tudo isso tem a ver com a principal mecânica de Spirit Tracks: conduzir um trem.
É, eu sei que você ainda explora cidades para conversar com o povo de Hyrule, encontra diferentes espécies, viaja por grandes campos, e desvenda os quebra-cabeças em templos e ruínas antigas... Mas, não tem nada de surpreendente aqui. Esse jogo faz tudo o que os jogos pré-Breath of the Wild faziam, sem mais. Tudo no lugar e funcional, mas, nada de muito espetacular (apesar das coisinhas bacanas aqui e ali).
A mecânica do trem é o ponto mais importante do jogo e, inclusive, ainda sou bem disposto em relação a ela!
Apesar de não ser tão libertador quanto navegar pelos oceanos sem fronteiras (que não incluem as paredes invisíveis nos cantos do mapa), circular pelos trilhos continua sendo interessante. Claro, você PRECISA seguir os trilhos, mas, as viagens nunca são tão entediantes a ponto de fazer querer dormir. Quando isso está prestes a acontecer, há alguma coisa que puxe você de volta: o ataque de um inimigo, a descoberta de um coelho ou um portal, a vinda de um dos trens-monstros que o jogo tem, ou a necessidade de parar na próxima estação. Isso tudo quando você está só indo do ponto A ao ponto B.
A mecânica brilha MESMO quando você está em uma das várias missões que envolvem levar um passageiro ou uma carga. Nessas situações, sua atenção precisa estar dobrada! Não só é necessário prestar atenção nas sinalizações para diminuir velocidade ou apitar, como também é preciso tomar mais cuidado do que nunca com os inimigos e freadas bruscas. É algo simples, com certeza, mas, que me manteve bastante ligado e empolgado.
É MUITO satisfatório deixar o passageiro não só em segurança, mas, bem alegre com o passeio, no geral, com ele comentando que nem viu a viagem passar. Mais ainda quando você consegue entregar aquela carga SUPER FRÁGIL a tempo.
Outras partes do jogo, como explorar a Spirit Tower, são bem bacanas também. Você encontrará vários quebra-cabeças bem interessantes, especialmente quando muitos deles usam os Phantoms, introduzidos em Phantom Hourglass, de maneira bem legal. A Zelda controlando os Phantoms é uma parte enorme disso e, como temos vários Phantoms com diferentes habilidades, cada retorno à Spirit Tower é bem único e divertido, e ainda fica na dose certa, salvo exceções onde você pode pensar que tudo está demorando um pouquinho demais...
Então, é, eu tenho muitos pontos positivos para dar a Spirit Tracks. É um jogo maravilhoso, e que me fez querer gritar aos céus e à terra o quão divertido ele pode ser! E... Bom, eu teria feito isso bem mais cedo... Se não fossem os controles.
OH. MINHA. HYLIA. Os controles...
Olha, eu sei. Era um jogo de DS - o console no qual a Nintendo fez o possível, e o impossível, para usar todas as principais funções de um jeito ou de outro. Aquele portátil tinha uma tela de toque, então, POR NAYRU, A GENTE VAI USAR AQUELA TELA DE TOQUE.
Quando você está no trem... Não é muito ruim: na verdade, é de boa, já que você apenas precisa se preocupar ocasionalmente em fazer alguma coisa.
Agora, em todo o resto do jogo, você usa a tela de toque para virtualmente TUDO. Andar, atacar, interagir com personagens, usar itens, ativar menus, TUDO.
Talvez seja porque eu estou jogando no Wii U... Então, é, não é a MESMA experiência, eu sei disso. Mas, caramba, como esse é um método de controle intrusivo e pouquíssimo confortável. Manter sua mão o tempo todo na tela para locomoção não só pode levar a muitos momentos onde você vai andar demais ou de menos (resultando em uma pancada bem na fuça, ou um tropeço em um rio de lava), como também é muito cansativo. É mais ou menos por isso que eu ainda não terminei o jogo nessa nova partida. Só consigo jogá-lo em intervalos. Talvez eu fosse capaz de tolerar isso muito mais no passado, mas, cara, minha análise desse jogo foi escrita há quase oito anos. Eu era bem mais aberto a coisas do tipo na época, mas, eu garanto que estou bem mais birrento agora.
É, chame de birra, se quiser, mas me parece inacreditável que ninguém olhou para esse esquema de controle e pensou que seria uma boa ideia dar pelo menos a opção de usar controles mais tradicionais.
Não é à toa que tanta gente é tão negativa com esse jogo... E com seu irmão mais velho.
E eu quase me esqueci, mas, os controles da flauta SÃO PÉSSIMOS também. Não sei se é porque o microfone do meu Gamepad está em declínio por não ter sido usado quase nada nos seus cinco anos, mas, CARA, qualquer momento em que eu preciso tocar a flauta (que, adivinha, também inclui os controles de toque) é um momento de pânico, porque o microfone não registra meus sopros direito, ele fica cortando direto, e ainda tem o ENORME desconforto como um todo.
Foi jogando de novo Spirit Tracks que eu percebi que tanto ele quanto Phantom Hourglass PRECISAM de um relançamento! Só precisaria ajustar os controles, e estaria tudo bem, pelo menos para mim...
Conforme eu disse antes, estou muito bem disposto com Spirit Tracks. Apesar de os controles certamente estarem bem longe do ideal, a experiência como um todo é o que me faz tolerá-los para continuar.
Sabe o que é ainda mais interessante? Spirit Tracks completa dez anos em 2019... E, curiosamente, ele foi o PRIMEIRO Zelda que nós cobrimos aqui no blog. Na verdade, foi o primeiro Zelda que eu acompanhei praticamente desde o anúncio até o seu lançamento e, mesmo só tendo jogado-o dois anos depois, ele sempre será especial pra mim por causa disso.
Valeu, Spirit Tracks! Fico aqui torcendo para que você seja relançado de uma maneira apropriada. E, ei, considerando o visual que Smash Ultimate deu a você, eu acho que adoraria uma versão refeita. Isso ou uma sequência em New Hyrule. Isso seria MUITO legal também.
Ei, aquele mundo é enorme! Dava pra fazer algo nos moldes de Breath of the Wild tranquilamente.
Imagina um Spirit Tracks com esse nível cara... |
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