sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Análise - Time's End II



Se eu não me engano, a última vez que ousei aparecer com a análise para um trabalho fã foi durante uma das várias edições da Criações Fã, onde dei meu parecer sobre o maravilhoso jogo fã “Legend of Princess”, de Joakim Sandberg, o Konjak.
Em termos de álbum musical, no entanto, minha última “aventura” foi uma análise escrita para o Hyrule Legends - Zelda.com.br, lá pro começo de 2013 (não lembro a data, me julguem).
O ponto é que, desde então, eu falei várias vezes sobre diversas produções fã, mas, eu nunca mais dei um parecer opinativo. Não se preocupem, isso vai mudar agora.

Não, não tenho medo de opinar sobre produções fã, ainda mais considerando como elas podem ser relativamente complexas e divertidas, por vezes até rivalizando produções originais da Nintendo (Another Metroid 2 Remake sendo o catalisador para me fazer cair de amores por produções fã).

Pois bem, vamos falar de Time’s End.

Time’s End foi um álbum fã lançado no final de 2012, mais precisamente no dia 21 de Novembro de 2012, o fadado dia do “Fim do Mundo”, de acordo com o calendário Maia (que, nem preciso dizer, estava errado nesse sentido). O álbum em questão continha uma coletânea de músicas da trilha sonora de Majora’s Mask, um jogo que, durante aquele ano, havia explodido em popularidade (em parte por conta da Operation Moonfall e do papo de um remake do título).
Depois de ter escutado todo o som de Time's End, e ter me apaixonado pela complexidade e drama, elementos tão maravilhosamente embrulhados juntos, das músicas, lembro-me claramente de conseguir descrever uma das várias sensações as quais meu corpo sentiu ao escutar melodias tão animadas e tão... tristes... ao mesmo tempo: uma ânsia, um presságio de coisas piores por virem; mais do que isso, o medo de algo escondido.
Tal é a magnificência do trabalho de Teophany, um compositor que sabe mesclar melodia e atmosfera para gerar uma sinfonia impactante das mais diversas maneiras.
Talvez devido à sua maneira de ver Majora's Mask, a escolha dele foi a de apresentar a balada de um mundo perdido, e essa foi uma escolha feliz, já que Time's End foi um trabalho espetacular e poderoso, do tipo mencionado e amado por fãs da franquia mundo afora.

Anos depois, Teophany e sua equipe de apoio retornariam ao território amaldiçoado de Termina, dessa vez com a missão de ampliar o mundo musical que estabeleceram em 2012.
Eis que Time's End II foi lançado em Novembro de 2016, aliado a um curta-metragem de excelente qualidade, Terrible Fate, criado pelo grupo da Ember Lab, para deleite geral, com uma nova premissa, uma nova atmosfera, e, absolutamente, uma nova visão preparada para o mundo moribundo de Majora's Mask.

Cena do curta Terrible Fate.

Como que uma expansão ao álbum de 2012, Time's End II conta com músicas retiradas de outros momentos da história de Majora's Mask, incluindo alguns que a primeira versão, cujo foco eram os três primeiros dias do jogador em Termina (com algumas liberdades), deixou de lado.
Essas novas músicas iniciam com a primeira volta no tempo feita por Link (um ponto deixado no final da última faixa do Time's End original), seguindo brevemente por um novo remix da Clock Town e da Song of Healing, finalmente saindo, então, dos limites da cidade e partindo em direção aos campos verdes de um novo mundo: a música tema da série é ouvida pela primeira vez, assim como trilhas fáceis de reconhecer, como Lost Woods e o sempre maravilhoso Palácio dos Dekus. O álbum parte para o Pântano Venenoso de Termina, seguindo direto para o Templo de Woodfall, com uma mistura de sons selvagens e naturais, e dá uma das rendições mais bárbaras e poderosas de um tema de chefe que já foram compostas. Finalmente, o álbum fecha com uma longa e maravilhosa revisita ao tema Oath of Order, que, certamente, causará arrepios em ouvintes mais sensíveis.

Como pode ter sido observado, o grande foco de Time's End II está nas principais músicas da primeira área do jogo, fora de Clock Town, batendo perfeitamente com a capa do álbum: uma versão realista e inacreditável da máscara Deku.
Inclusive, a capa, que possivelmente causaria arrepios ou até noites perdidas para alguns, vende duas ideias que, no final das contas, resumem todo o conteúdo de seu álbum: a certeza da perdição, e o fio de esperança.



É essa, inclusive, a maior diferença que Time's End II tem de seu antecessor, ao menos em termos de tema; enquanto que o primeiro álbum cantava sobre uma cidade fadada à destruição, o segundo nos canta sobre uma floresta ainda sob o encanto da inocência, apesar de tudo.
Isso é especialmente perceptível nas faixas "Healing Termina", "Woods of Mystery" e "Oath to Order", nas quais nota-se certo otimismo em suas introduções e conclusões: um instrumento mais leve sendo tocado em meio a tons tão pesados e graves.

Da mesma forma que o curta Terrible Fate conta com temas de inocência e esperança, Time's End II mostra sinais mais positivos em meio a toda a sua melancolia.


Mesmo com essa mudança de tom tão audível, é impossível afirmar que o álbum não faz jus ao seu antecessor em termos de qualidade e em termos de atmosfera. Escutar essas músicas lhe levará a um novo mundo, ainda amaldiçoado e prestes a desabar, mas que ainda tem esperanças de dias melhores, de uma luz no fim do túnel, de que suas preces serão atendidas e de que, mesmo na hora mais escura, boas notícias chegarão, e a felicidade reinará, mesmo que de forma breve.

São sentimentos assim que enchem o ouvinte ao final do álbum de uma hora e quatro minutos. Dias melhores virão. Basta crer.

Com todos esses pontos em mente, eu faço uma recomendação mais do que absoluta. Seja um fã de Zelda, ou alguém que gosta de música instrumental, cheia de coros e um nível assustadoramente próximo do de uma orquestra, Time's End II deverá acertar todos os pontos certos.
E eu fico aqui, no aguardo pelas expansões que virão no futuro, já confiante em sua qualidade, e já ansioso pelas novidades que virão.

Time's End II pode ser baixado em seu site oficial, via um sistema de "pague o quanto quiser"; ao mesmo tempo, ele pode ser escutado na íntegra via YouTube.

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