Você deve lembrar que, no começo do mês passado, eu fiz um artigo relatando minhas primeiras impressões do jogo Tri Force Heroes, indo completamente baseado em minha experiência com a demo e com uma breve partida feita pouco tempo depois.
Ontem, eu finalmente consegui uma cópia do jogo e, apesar de não ter jogado mais do que eu gostaria, consegui reunir novas impressões a respeito do jogo, como um todo dessa vez. Talvez eu devesse segurar essas informações para uma análise do jogo, mas, considerando que eu não sei quando terei a oportunidade de fazer uma, por motivos que irei explicar nesta postagem, talvez seja melhor sentar e falar sobre o que já passei. Vale dizer, também, que, como estou jogando, irei mencionar detalhes sobre a história, alguns deles podendo ser spoilers, para que possa analisá-la melhor. Por conta disso, não leia esta postagem se você não quer saber de spoilers.
Sem mais delongas, e com minha explicação feita, iniciemos.
Muito do que eu falei na última postagem ainda se mantém, em termos de apresentação e jogabilidade. Mesmo assim, vou falar um pouco desses dois tópicos, já que novas coisas surgiram. No entanto, uma coisa de cada vez... Vamos começar da história, e a partir dela, poderemos falar do resto.
QUANTO À HISTÓRIA
A história de Tri Force Heroes ocorre no distante reino de Hytopia, uma terra governada pelo senso de moda, boas vestimentas, e de que ser fashion é o que mais importa no mundo. Nesta terra, a linda Princesa Styla é vista como a pessoa mais bem-vestida e fashion de todo o reino. No entanto, existia uma pessoa que não gostava nada disso: uma bruxa de um lugar amaldiçoado, chamado de Drablands.
Um dia, a princesa Styla recebeu um presente "lindamente embrulhado". Quando o abriu, ela foi atacada por uma roupa feia e amaldiçoada, impossível de ser retirada.
Devastado pelo "terrível" destino de sua filha, o rei Tuhf iniciou um chamado por heróis de todas as terras, próximas ou distantes para caçar a bruxa, e derrotá-la, na esperança de desfazer a maldição de sua filha.
É nisso que surge o herói, sem nome (embora algumas fontes digam que é o mesmo herói que recuperou a Triforce de Lorule), em Hytopia. Precisando se acostumar com os costumes daquela nova terra, e utilizando-se de todo o sentido fashion e chic do reino, ele deve partir para as Drablands, encontrar a bruxa, e fazer com que a princesa volte ao normal.
Permita-me ser direto, aqui. A história de Tri Force Heroes é estúpida. Estúpida mesmo. Sem sentido, quase idiota, uma palhaçada geral, e é por isso que ela funciona. Estranho, eu sei, mas, deixe-me explicar.
Não é preciso mais do que dois minutos de jogo para perceber que o jogo não está se levando a sério. Basta uma olhada na introdução para ver que não se trata mesmo de uma busca épica. A história é propositalmente humorística, tola, já que, dessa forma, ela consegue se encaixar com o estilo geral do jogo, cheio de brincadeiras, trocadilhos, e uma atmosfera extremamente leve. Não é preciso ter uma história complexa, envolvendo viagem de dimensões, exércitos em guerra ou o terrível Rei do Mal. A ideia do jogo, mesmo que tola e sem sentido, funciona porque ela é tudo o que o jogador precisa para se meter em uma nova aventura.
Só por não se levar a sério, eu digo que a história de Tri Force Heroes é um movimento ousado, e tiro meu chapéu para ela.
Agora que terminamos com a história, vamos analisar o resto do conteúdo do jogo.
QUANTO À APRESENTAÇÃO
Você deve lembrar que eu mencionei que, visualmente falando, o jogo é inacreditavelmente parecido com A Link Between Worlds (descobrindo, depois, que os efeitos sonoros também são muito semelhantes). O que eu não mencionei é que muitos modelos daquele jogo foram usados em Tri Force Heroes.
-PERSONAGENS-
Personagens menores do neo-clássico de 3DS, como a mulher vaidosa de Kakariko Village, ou o homem fofoqueiro de Lost Woods, fazem parte da nova entrada da série, em novos papéis, que até fazem sentido, considerando suas partes originais. Apesar disso, não se nota uma reciclagem, já que eles estão visivelmente mudados (mesmo que minimamente), e estão com linhas que parecem encaixar com seus visuais.
No entanto, eles, pelo que já pude pegar, são minoria. Os demais personagens do jogo (os que você pode interagir, isto é), são absolutamente únicos, e cheios de personalidade. Um deles, o segundo que você encontra, praticamente, é um homem que diz que teve de "cortar o estilo pela metade" para não ser amaldiçoado. Ele parece normal de frente, com terno, gravata, calças longas e até uma cartola. Aí, você faz ele se virar, e percebe o que ele quis dizer com "cortar o estilo pela metade".
De longe, o meu favorito é o Rei Tuhf, um dos personagens mais estranhos de toda a franquia (e, olhando quantos desses existem em Zelda, isso é muita coisa). Ele não só é extremamente barulhento (fazendo "OOOOOOOOOOOOOOOOOOH!"s bem ruidosos toda vez que se depara com o estado de sua filha), como também tem um eterno exagero a tudo o que acontece. Chega a ser engraçado, honestamente.
Não que a princesa Styla seja muito melhor. Na verdade, ela está sempre triste, em prantos, e se esconde assim que nota alguém chegando. É possível tentar falar com ela por meio da sala do trono, e, por isso, dá para dizer que ela é quase tão exagerada quanto o pai. Em um momento, ela deu a entender que tinha uma quedinha pelo novo herói, mas, eu não estou tão certo disso.
Pai e filha são personagens incrivelmente excêntricos, e essa pequena família real já é o suficiente para mostrar o quão longe estamos de Hyrule, não só em termos de espaço, mas, principalmente, de cultura.
O jogo começa em uma pequena cidade do reino Hytopia, que, também, é a capital. Nesta cidade, o jogador tem liberdade para explorar três prédios diferentes, cada um com diferentes serviços. O primeiro deles que o jogador pode visitar é a loja de roupas da Madame Couture, onde são feitas as diferentes roupas que o jogador poderá usar em sua aventura.
Logo após sua primeira campanha, torna-se possível acessar uma loja que dá acesso ao Miiverse e outra a um jogo diário de abrir baús.
No entanto, o que torna o mundo interessante não é apenas os prédios que você pode visitar.
Diferente do mundo verdadeiramente fantástico/medieval de Hyrule, Holodrum ou Labrynna, Hytopia parece preferir seguir uma rota mais estilosa.
Enquanto jogava, não sei porque, mas senti que o mundo todo parecia remeter mais a uma França medieval, mais precisamente Paris. Talvez fosse a cor dos ladrilhos no chão, ou simplesmente a estética geral.
A loja de Madame Couture é fantástica e absolutamente estilosa, por exemplo.
Obviamente, estilo é importante em Hytopia, por conta da cultura do povo.
No entanto, minha impressão ser levada à França medieval não ocorreu só pela estética geral. Lento do jeito que eu sou, eu deixaria isso passar.
-TRILHA SONORA-
O que selou toda essa ideia de cultura francesa foi, na verdade, a trilha sonora, e seu uso pesado de acordeões, flautas e violinos.
Falando sério, a trilha sonora de Tri Force Heroes, até onde eu vi, é maravilhosa. Sem grandes ambições, é uma trilha maravilosamente doce, amarga, intensa, poderosa, e simples, tudo ao mesmo tempo, não importa o quão contraditório isso possa parecer.
Como música é melhor ouvida do que explicada, permita-me compartilhar a música tema:
O que mais chama atenção em toda a trilha sonora do jogo, no entanto, talvez seja o fato de que algumas músicas são tão diferentes, que nem parecem ser de um jogo de Zelda. No entanto, mesmo que isso pareça ser algo fora de lugar, elas se encaixam lindamente bem, sendo características e verdadeiramente únicas. Não consigo fazer um exemplo melhor do que a música tema da Madame Couture, que mostra muito bem o que estou falando.
Pelo que pude ouvir dentro dos mundos que passei, a música se serve bem diante diante do que falei. Única, sem dúvidas, bem composta, e lindamente encaixada. No entanto, admito que não posso fazer mais comentários no momento. É preciso que eu dê um tempo, e escute-as com mais calma antes de mencionar qualquer outra coisa.
QUANTO À JOGABILIDADE
Minhas primeiras impressões se mantêm aqui no que diz respeito ao jogo em si. É fluído, rápido e divertido. Por isso, vou dedicar essa parte para falar daquilo que não foi dito antes.
-ROUPAS-
O ponto mais importante do jogo inteiro, além de ir e salvar a princesa da maldição, são as roupas. Durante sua jornada, o herói encontra materiais diversos para que possa criar diferentes peças de figurino na loja de Madame Couture.
Devido às habilidades da Madame, cada peça de roupa contém poderes mágicos específicos, o que significa que, dependendo do que está vestindo, o jogador tem acesso a diferentes bônus, habilidades e "poderes", por assim dizer.
Algumas roupas aumentam o número de corações que podem aparecer nas fases, outras deixam aquele herói com a habilidade de fazer uma bomba ou um Spin Attack maior, outras permitem que ele atire em várias direções ao mesmo tempo, e assim vai.
Como o jogo é estruturado de maneira semelhante a Four Swords quando se fala de itens, as roupas são as coisas que os jogadores têm mais próximas de colecionáveis, e, no fim do dia, é essencial que o jogador tenha o máximo possível.
Curioso informar, no entanto, que algumas roupas só podem ser destrancadas caso o jogador jogue com amigos, via modo local ou Download Play.
Como jogar o jogo é muito, muito bom, se dar ao trabalho de ir atrás dos materiais necessários não é tão ruim.
-MODO SINGLE-PLAYER-
Tri Force Heroes foi feito com o intuito de se jogar online. No entanto, foi criada, também, uma forma de se jogar sozinho.
O interessante é que o jogo possui uma explicação dentro da história para o porque de se aventurar sozinho, como funciona, e tudo o mais.
Obviamente, testei esta parte ainda tendo lembranças nada agradáveis de Four Swords. Admito que fiquei surpreso com a qualidade geral: o modo de um jogador é bem pensado, e faz com que o jogador corajoso o suficiente para ir sozinho tenha muito nos ombros, fazendo com que ele alterne entre os três heróis (dois dos quais são bonecos, e ficam imóveis quando não estão selecionados), e tenha de manejar tudo sozinho. É infinitamente melhor do que Four Swords, já que a velocidade de passo é muito maior, e o foco do jogo em quebra-cabeças impede de ser uma experiência monótona. No entanto, essa não é a melhor parte do jogo, nem de longe. Sim, fica tudo em suas mãos, mas, é estranhamente desinteressante fazer tudo sozinho (embora não o suficiente para desistir do jogo por completo) se você comparar com o modo online, que é infinitamente mais dinâmico.
-PROBLEMAS DE CONEXÃO-
Eu estaria mentindo se dissesse que não encontrei problemas no modo online... Não entendi bem o que aconteceu, mas, pelo que pude notar, não parecia se tratar de um problema de servidor. Mais parecia que, quando está se jogando online em Tri Force Heroes, a conexão depende exclusivamente da dos jogadores. Alguém tinha aparecido com uma conexão muito lenta, e, como resultado, o jogo ficou lento até demais. Obviamente, não sou especialista (na verdade, eu sou uma anta se for para ver coisas técnicas), e isso que falei deve estar completamente errado.
-BÔNUS DIÁRIOS-
Em Tri Force Heroes, há dois lugares que você pode visitar que são atualizados diariamente. O primeiro deles é um estande que aparece depois de sua primeira jornada, onde é possível comprar materiais para suas roupas (alguns deles sendo mais raros do que outros); o estoque da loja é atualizado diariamente, sendo uma forma útil de adquirir materiais sem ter de sair em uma busca pelas Drablands.
O segundo lugar é um mini-game de abrir baús que, de acordo com o anfitrião, pode lhe dar um presente espetacular. Ainda estou vendo qual é a disso, mas, parece que existe um baú vazio, e os outros com tesouros maiores.
IMPRESSÕES FINAIS
Não há muito mais o que falar sobre Tri Force Heroes... Pelo menos, ainda não. Estou me divertindo muito com o jogo, e fica ainda melhor quando se encontra um time de pessoas que está no mesmo nível que você, e que consegue explorar o mundo todo sem grandes problemas.
O online não é perfeito, infelizmente, mas, isso vem com o território. O ponto é que Tri Force Heroes é uma ótima experiência, do tipo que realmente merece uma chance.
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