Se você não é dessas pessoas, com certeza deve ter achado a ideia absurda e perdeu fé na humanidade... de novo...
Eu comecei o artigo falando disso porque... Bem... O jogo que iremos falar agora tem sangue... Embora... Não tanto assim...
Darksiders, pelo menos até o momento em que estou escrevendo aqui, é uma franquia promissora, mas com futuro incerto. Desde a morte da THQ, e a absorção da Vigil Games pela Nordic, não se ouve muito de esperança por aí. E isso é algo bem... apropriado, se me permite, considerando a natureza da série.
Para quem não sabe, Darksiders é uma série que trata da mitologia cristã, e a mistura com alguns elementos nórdicos, tudo isso em um estilo artístico bem caricato, lembrando muito histórias em quadrinhos. Obviamente, não se trata de uma tradução literal dos elementos bíblicos, mas sim de uma nova interpretação.
Os protagonistas, até o momento, foram dois dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, um grupo de quatro irmãos criados para trazer o equilíbrio ao mundo. Eles seriam a força que balança o reino dos anjos e dos demônios. Sempre que esses dois reinos entram em combate, os quatro cavaleiros devem intervir. Apesar de ter essa conversa de anjos e demônios, não se trata de um livro do Dan Brown, muito menos faz maiores alusões a pensamentos bíblicos ou coisas do gênero.
No primeiro jogo, lançado para PS3, Xbox 360 e PC, o jogador controlava o cavaleiro Guerra (War), mas eu não joguei esse jogo, então não vou falar dele. Não, não, não.
O nosso foco de hoje será no segundo título da série, lançado para os mesmos consoles mais o Wii U. Nesse título, o jogador controla o irmão de War, o infame Morte (Death), geralmente tratado nas passagens bíblicas como o último cavaleiro a aparecer na eventualidade de um apocalipse (tente adivinhar porque...).
O jogo acontece pouco depois dos eventos da INTRODUÇÃO do Darksiders original, ou seja, acontece praticamente ao mesmo tempo que o original, só que visto em outras terras, e do ponto de vista de Morte. De forma bem resumida, Guerra foi injustamente acusado de iniciar o apocalipse antes da hora, e, para ajudar a melhorar a posição de seu irmão (também acusado de aniquilar toda a raça humana), Morte se põe na tarefa de ressuscitar a humanidade, ou Terceiro Reino, como eles se referem.
A forma como a série trata essa mitologia (com caracteres baseados e originais) é, simplesmente, espetacular, especialmente por conta da forma como tudo é aproximado. O estilo no qual tudo é explicado é bem original e, ao risco de soar redundante, estiloso. Dá pra perceber uma grande mistura de vários elementos mitológicos, sejam eles gregos, nórdicos, cristãos e por aí vai. Essa mistura permite que o material caia demais em um dos lados (o que poderia ficar bem controverso), sendo, de toda forma, agradável.
A melhyor forma de entender tudo é, simplesmente, indo atrás você mesmo e vendo. Eu não consigo fazer justiça a essa mitologia em um artigo (que não pode ser muito longo) como esse.
Outro ponto que brilha, pelo menos pra mim, é a direção artística. O design dos personagens e criaturas é bem especial, me lembrando o estilo do Todd McFarlane, criador do Spawn. É um estilo caricato, caracterizado por cabeças pequenas para corpos bem musculosos, narizes bem grandes e coisas assim. Material de história em quadrinhos mesmo, mas muito bonito da forma como é apresentado.
E, diferente da aproximação predominantemente cinzenta e sem-vida de muitos jogos recentes, Darksiders II tem bastante cor para ser agradável. E, detalhe, são cores bem vivas, que ajudam muito na autenticidade do mundo em questão. Campos podem ser esverdeados, amarronzados ou cinzentos mesmo, mas tudo dependendo do local e do que ele representa. Obviamente, isso também inclui uns vermelhos bem fortes no sangue, então alerta aí.
Pra ajudar ainda mais, os locais em geral são bem desenhados e são boas interpretações do que o jogo quer passar. Um bom exemplo é a Terra dos Mortos, que, de fato, parece uma terra dos mortos.
Em termos visuais, o jogo dá um show para os olhos. É um jogo muito bonito, que valoriza bem o estilo artístico. Em termos técnicos... Aí já é outros quinhentos.
Apesar de ser bonito, Darksiders II tem umas quedas bem chatas de taxa de frame, os chamados "teares", vez ou outra, e que são bem difíceis de ignorar. Quando tem muitos inimigos na tela, aí é que fica notável mesmo... Não é nada que arruine a experiência (até porque você acaba se acostumando e deixa de ser um problema), mas nota-se certa falta de cuidado e polimento nesse quesito. É provável que a versão de PC tenha um resultado melhor nesse ponto, não sei. Oh, e antes que eu esqueça, a possibilidade de travar existe.
Outro problema bem grave é a possibilidade de algumas cenas de corte aparecerem sem nenhum tipo de som. Isso simplesmente destrói qualquer efeito que elas tenham. Não sei dizer se acontece só com certas cenas, ou se eu só dei azar, ou se acontece de maneira aleatória, o que eu sei é que pode acontecer, e que é muito chato.
Bom, mesmo com esses super-deslizes técnicos, ainda há vários outros pontos positivos, e vamos tratar de todos eles aqui.
Pra começar, vamos falar do estilo de jogo. Dá pra dizer que é uma mistura de God of War e Devil May Cry com Prince of Persia e Zelda. Mistura bizarra, eu sei, mas que funciona muito bem.
O combate é muito divertido, e é satisfatório pra caramba. As pancadas, de ambos os lados, tem efeito, e os controles são bem intuitivos. Os combos que você pode fazer são bem variados e abrem espaço para diversas formas de jogar, ainda mais considerando que você tem uma arma primária e secundária (que, por si só, tem três tipos bem diferentes).
As mecânicas são todas baseadas em RPG's: mate tantos inimigos e faça tantas side-quests para conseguir tanto de experiência e aumentar de nível. Você vai ficando mais poderoso à medida que aumenta de nível, mas é possível depender de habilidade para vencer; isso faz com que derrotar inimigos bem mais poderosos seja algo difícil, mas definitivamente possível.
Ainda no estilo de RPG, temos algumas "cidades", que contam com vendedores de armas, armadura (que fica visível no personagem, a propósito) e itens de cura, assim como "treinadores". Em duas dessas cidades, existem dois personagens que estão dispostos a ensinar novos movimentos a você, tudo por um preço, é claro. É essencial que você tenha um arsenal grande de golpes, para não só facilitar as batalhas, como também para deixá-las mais empolgantes e mais fáceis de controlar.
Da mesma forma que muitos RPG's e jogos que envolvem lojas, você consegue muita grana derrotando inimigos ou simplesmente abrindo baús (que são abertos nesse jogo de formas nada amigáveis) espalhados pelos mundos. Apesar de estar em quantias relativamente generosas, é necessário saber economizar e ter uma boa noção de quando algum item pode vale realmente o seu esforço.
Por outro lado, o jogo praticamente desencoraja a compra de itens, visto que muitas armas e armaduras podem ser encontradas de graça (ou juntas de uma porção grande de dinheiro). Dito isso, acho importante ressaltar que você vai comprar alguns itens vez ou outra, já que é mais fácil avaliar os benefícios dos itens comprados do que os que você acha por aí... Mas, ambas as formas tem efeitos variados dependendo de quem joga, eu acho...
Darksiders II também toma emprestado o estilo do parkour, permitindo que o protagonista Death suba em paredes, corra por elas ou pule de uma para a outra. Também são adquiridos alguns itens que auxiliam na exploração com estilo, mas não falarei muito para não estragar surpresas.
Assim como Zelda, você passará um bom tempo dentro de calabouços em Darksiders II, e o jogo absolutamente brilha nesse aspecto. Apesar de os quebra-cabeças não serem... bom... o suficiente para "quebrar a cabeça", eu não posso negar que eles são muito bem bolados. O mesmo vale para o design dos calabouços, aumentando ainda mais o crédito da direção de arte. São lugares bem memoráveis, e sabem pedir bem as habilidades de exploração que o jogador tem, muitas vezes requerendo que ele lembre o que pode fazer para seguir em frente.
Vale lembrar que existem calabouços opcionais, e isso não os impede de ser tão ou mais interessantes do que os obrigatórios.
Também vale dizer que o jogo possui side-quests bem interessantes. Elas não são muitas, mas o pequeno número é compensado pela sua qualidade. Em essência, a maioria delas é simples: matar tal inimigo ou achar tal coisa, mas você nunca chega no objetivo final sem ter uma aventura daquelas antes. Inclusive, os calabouços opcionais são o caminho que você tem que seguir para chegar a tal inimigo, e nem sempre é simples. É isso que dá charme às side-quests: elas são simples em teoria, mas desafiadoras para cumprir.
Outro ponto alto do jogo é a música. Seu estilo bem atmosférico, mas inegavelmente melódico, ajuda muito na imersão. A trilha sonora cai bem com os lugares que o jogador visita, e faz um trabalho melhor do que a encomenda, já que ela é bem memorável também. Não vou mentir dizendo que é a melhor música do mundo, mas é agradável aos ouvidos e tem um charme bem difícil de bater.
Porque fãs de Zelda gostariam desse jogo?
Olha, se esse não é um "herdeiro" competente de Zelda, não sei o que vai ser. Tem muita coisa da série que é lembrada aqui. Os calabouços são bem bolados, a música é muito boa, o estilo de arte é muito charmoso e, pra ser sincero, a história é muito bacana também. Vale pelo menos uma pesquisada para ver como é.
Não sei se compensaria comprar um console novo só por causa de Darksiders II, mas é um daqueles que você, talvez, se divirta bastante. Há muito mais do que eu falei lá, e eu digo que você dê uma olhada. Eu lhe garanto que são umas 20 horas aproximadas bem gastas.
A única parte realmente triste é que, muito provavelmente, a série ou morre aqui, ou abandona a Nintendo em um possível Darksiders 3... Mas, ei, é preciso ter otimismo, né?
Você pode encontrar Darksiders II no PS3, Xbox 360, PC e, é claro, no Wii U. Pessoal que queria um Zelda obscuro e sangrento? Esse aqui é uma boa olhada em como isso seria.
Agradeço aos sites vgblogger.com, Canadian Online Gamers e Wii U Daily pelas imagens!
E... Com vocês... Uma charge!
HA-HA! Caramba, eu sou péssimo nisso... |
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