Segredos de Hyrule - O mistério de Ikana #2

Mágica, pirlimpimpim, faça de conta que eu escrevi uma introdução bem elaborada pra essa edição, porque eu não consigo pensar em nada.

Apesar de ser uma série com foco na aventura e na fantasia, Zelda, algumas vezes, nos dá uma boa ideia de como as pessoas vivem seu dia-a-dia. Na verdade, em jogos como Twilight Princess, vemos uma cidade muito bem viva de Hyrule, dando aquela ideia de que as pessoas são ocupadas, e tem lugares para ir e coisas a se fazer. Considerando também coisas como a feira no sul da cidade, é fácil notar que a economia vai bem, e que as pessoas tem rupees para gastar.

Mas nós não estamos aqui para falar de Hyrule. Estamos aqui para falar de um reino amaldiçoado e terrível que fica nas terras do... Continente...? País...? de Termina!

Se você leu meu último artigo, que saiu semana passada, você deve se lembrar que eu teci comentários a respeito do que poderia ter causado a ruína de Ikana. Coisas como a abertura dos portões da Torre de Pedra, a ideia de um monstro antigo, entre outras coisas. Pois bem, aquela primeira parte era mais para especular sobre esses acontecimentos. Hoje, eu vou, de fato, tentar recriar a civilização de Ikana.


Assim como muitas outras coisas em Majora's Mask, Ikana é uma terra que não tem nenhum tipo de explicação sobre o que aconteceu, e porque aconteceu. Tudo o que temos é um cânion sem vida.
Mas, curiosamente, temos várias pistas, perfeitas para que possamos começar a criar teorias.

Como foi discutido na última parte, é muito provável que, em algum momento de sua história, Ikana sofreu uma guerra de proporções épicas, o que poderia ter reduzido toda a sua população a cadáveres. O que eu posso usar para provar isso é, justamente, o número bem peculiar de Gibdos e ReDeads presentes. Em outras áreas de outros jogos, eles geralmente aparecem em números bem limitados, e se restringem a calabouços ou lugares assombrados.
Em Ikana, eles estão em praticamente todos os lugares importantes. Isso pode indicar alguns pontos interessantes (fora o fato de que Ikana É um lugar deserto e assombrado).
Considerando que os ReDeads e Gibdos daqui são, na verdade, a população morta de Ikana, os lugares onde eles são encontrados e as coisas que eles fazem podem indicar quem eles eram durante a vida, e suas atividades.

Vamos começar nossa análise com os Gibdos. Nós os encontramos, em extrema abundância, no fundo do poço de Termina. Enquanto isso pode servir como uma metáfora, vamos, primeiro, nos concentrar no que vemos.

Caso você já tenha chegado a essa parte do jogo, talvez se lembre de que, aqui, você tem de ir entregando determinados itens para cada Gibdo para conseguir passagem a lugares diferentes do subsolo. Considerando que esses Gibdos foram, em algum momento, moradores de Ikana, eles podem ter sido algo das opções seguintes:

a. Vendedores e mercantes, que vendiam suas mercadorias através do escambo. Isso é apoiado pelo fato de alguns deles guardarem salas que servem apenas para você conseguir determinado item, como se fosse seu pagamento pelo que você deu a eles.
b. Soldados, que, agora, estão aceitando suborno para deixar você passar. Mas, eu admito que essa aqui é meio exagerada.

Com isso em mente, o que nos resta é entender como, exatamente, eles foram parar onde pararam. Bem, como nós sabemos, Ikana, em algum momento de sua história, entrou em guerra. Possivelmente, se eles forem vendedores, poderiam ter ido ao subsolo para se proteger do caos. Ou, por outro lado (bem mais polêmico), eles poderiam estar escondidos ali vendendo e/ou trocando espólios de guerra para os soldados. Se os aliados ou inimigos, bem, aí já fica difícil, mas é possível teorizar pra ambos lados (cada um com suas próprias consequências), só que isso é papo pra outro artigo (quem sabe dessa série mesmo).
Como eu já mencionei antes, isso aqui também pode ser visto na forma de uma metáfora. Com certeza você já ouviu a expressão "fundo do poço", a mesma que indica que aquela pessoa está em uma situação terrível e irreversível, da qual ela não tem saída.
Talvez, os Gibdos que estão lá perderam tudo o que tinham de valor (bens materiais ou imateriais), e, sem ter para onde ir, entraram no poço e ficaram lá, envergonhados de sair para ver a luz do dia. Cheios de remorso, eles só saem de lá quando tiverem algo de valioso em mãos. Isso poderia explicar o porque de eles pedirem por itens específicos.

A outra anomalia que encontramos fica no castelo de Ikana. Sim, me refiro aos ReDeads dançarinos! Aqueles que, se você por uma das máscaras que você adquire em Ikana (Gibdo, Captain's Hat), fará os coitados dançarem como se não houvesse amanhã!
Essa, eu admito que acho mais fácil. É bem possível que esses grupos de ReDeads tenham sido o grupo que divertia o Rei de Ikana, e morreram, ou fazendo seu trabalho, ou com um juramento de que passariam a eternidade entretendo seu rei e seus subordinados.

O grupo final de mortos-vivos são os Gibdos que circulam a casa musical quando você chega em Ikana pela primeira vez. Uma ocupação para esses caras, em particular, é bem mais barra pesada. Caso vocês não saibam, eu estou escrevendo uma história (que tenta ser) de terror, e uma das cenas que eu fiz foi a de um grupo de mortos-vivos tentando pegar alguém e transformá-lo em um dos seus. Por que isso é relevante? Bem, porque acredito que esse seja o mesmo caso daqui, só que não exatamente assim.
É praxe em muitas histórias alguém mexer com um certo membro de um culto/grupo/coisasdotipo e todos os outros membros irem atrás dessa pessoa, para vingar o membro perturbado, ou resgatá-lo.
Eu diria que é o caso aqui. Não se trata de um grupo que tenha relação com seus tempos em vida, mas, sim, um grupo que quer seu amigo (no caso, o pai de Pamela) de volta.

Você pode perceber que esse é o caso quando fala com algum deles usando a Gibdo's Mask. Eles dizem explicitamente que querem que o pai de Pamela saia da casa e se junte a eles (porque, de certa forma, ele se tornou num deles). É, nesse caso, não tem muito o que ver.

Seria ideal, também, fazer uma análise mais detalhada dos estabelecimentos presentes por Ikana, tais como o mini-game com as quatro fantasmas, e o de re-enfrentar mini-chefes. Mas, não vou mentir, não tenho como analisar isso corretamente, já que eu reiniciei meu jogo de Majora's Mask uns meses atrás. Então, ficará para uma próxima edição.

Mas, uma coisa que eu posso analisar é a Great Fairy daqui. Diferente de todas as outras, que lhe dão habilidades mágicas, essa aqui vai e lhe dá a espada mais forte do jogo: a Great Fairy's Sword.

Isso é interessante porque nos dá uma ideia nova da sociedade de Ikana. O fato de a grande fada lhe dar uma arma ponde indicar que um reino aparentemente glorioso como aquele, que se reduziu a um ermo de mortos hostis, poderia ser militarista, semelhante a reinos do nosso mundo, como a Esparta grega. Mas, nesse caso, já admito que é especulação.

A última parte que quero analisar hoje é a presença dos dois irmãos compositores, Sharp e Flat, por lá. Mas, eu gostaria de focar aqui em Sharp, o mais velho, e em sua história. De acordo com Flat, o mais novo, que estava dentro de um túmulo no cemitério de Ikana, Sharp havia "vendido sua alma para o diabo" e se tornou corrompido. Frustrado com isso, Flat compôs a Música das Tempestades (Song of Storms), em uma tentativa de trazer seu irmão de volta. Isso é interessante, porque Sharp é encontrado no vale de Ikana, no topo do cânion, e ele guarda a fonte de água do vale, impedindo que ela passe, e criando apenas um ar roxo (que irei supor que é veneno).
Considerando as palavras de Sharp, que diz que Ikana não é um lugar para pessoas tão cheias de vida, é possível, mais uma vez, ver que os acontecimentos por trás de sua corrupção ocorreram por causa da tão dita guerra. Possivelmente, ele se corrompeu antes de morrer (o que é mais plausível, visto que seu irmão ainda compôs a música, frustrado e triste, e duvido que ele tenha feito isso já morto), o que mostra que essa tal guerra aconteceu muito tempo antes de chegarmos em Ikana pela primeira vez. Mas... O que realmente aconteceu...?

Tentarems responder essa pergunta na próxima edição, onde veremos mais da política de Ikana, e a relação do reino com os ninjas Garo que, aparentemente, tem boas chances de terem sido os responsáveis por essa guerra.