terça-feira, 31 de julho de 2012

The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D - Análise


É incrível ver como o tempo é capaz de mudar quem somos. As mudanças que o tempo nos proporciona sempre alteram nossos gostos, pensamentos, jeitos de ser... O que nós amávamos quando éramos crianças não necessariamente é o que amamos quando somos adolescentes, quando somos adultos. Quando o tempo passa, queremos passar com ele, seguir em frente. No entanto, absolutamente nada nos impede de olhar para trás e rever aquilo que fazíamos, que amávamos. O tempo muda quem somos, assim como muda a nossa visão perante os atos que fizemos no passado.
A pessoa que você é no presente tem orgulho da pessoa que você era no passado? Você pararia para conversar com você mesmo? O choque entre suas versões atual e passada seria pequeno, ou grande?

Mediante a perguntas como essas, eu encontrei um tipo de desafio quando me aproximei de Ocarina of Time 3D. O jogo, que fez parte do final de minha infância e início de minha pré-adolescência, não só me introduziu no fantástico universo da série, como também me deu a inspiração para fazer muitas das coisas que faço hoje. Ocarina of Time, nesse tempo, era para mim um exemplo de produção de entretenimento.
Hoje, quase dez anos depois desse encontro, encontraria eu em Ocarina of Time a mesma sensação que eu tive quando era mais jovem?
O fator nostalgia não surtiria qualquer efeito em mim. Possuo o título no Virtual Console do Nintendo Wii, e estou tentando passar um detonado do mesmo a vocês. Qual seria, então, o apelo que Ocarina of Time ainda teria para mim?
Ocorreu um momento de dúvida. Por que eu amava tanto esse jogo? Por que a história do Herói do Tempo me cativou tanto quando eu era mais jovem? O que havia em Ocarina of Time que não existia nos outros títulos, mais recentes, da franquia?
A lenda do Herói do Tempo não foi tão bem desenvolvida em termos técnicos quanto a história do jovem em Termina, a lenda do Herói do Vento, o Herói do Crepúsculo ou do Herói Original.
Majora's Mask, The Wind Waker, Twilight Princess e Skyward Sword contaram com ideias mais sólidas, com pessoas que sabiam o que estavam fazendo e o que queriam. O enredo deles era melhor contado, suas músicas eram melhor produzidas, seus controles eram confortáveis.
Perante esse mar de dúvidas, minha última aquisição da série: Ocarina of Time 3D, chegou em minhas mãos. O que eu estava esperando? O que eu realmente queria ver naquele remake? Seria uma tentativa de voltar aos dias do passado? Ou eu estaria tentando apenas dizer que tinha o jogo?

É difícil falar algo depois que tanto foi dito. Analisar Ocarina of Time 3D é uma tarefa árdua... Por que perder tempo falando de algo que já foi analisado, interpretado e mencionado tantas vezes? Não é surpresa pra ninguém que o jogo guarda tudo o que vimos antes. Então, qual é o motivo de analisar?

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No entanto, ao olhar Link cavalgando com Epona, em uma Hyrule tão serena ao amanhecer, com uma música tão marcante e tão cheia de lembranças, não nos resta opção a não ser sorrir, talvez enxugar as lágrimas, e recomeçar uma jornada tão marcante e tão maravilhosa que nos faz perceber... Ocarina of Time não é um jogo que você termina de jogar. É uma parte de nós, um mundo que nos ensinou tantas coisas, mas não nos deixou capazes de esquecer tudo aquilo que passamos com ele.
Se existe alguma dúvida sobre Zelda, se existe algo que nos faz questionar o passado e nossos atos nele, uma mera olhada para Ocarina of Time nos faz lembrar porque gostamos de videogames, porque amamos tanto essa série, e, talvez, nos faz lembrar quem nós somos e o que nós realmente queremos...

Essa é a verdadeira mágica de Ocarina of Time 3D. Não é um remake de um jogo, apenas... É uma viagem de volta a um mundo que deixou uma marca profunda em nosso coração, que moldou alguns de nós, e guiou o caminho de outros. É o retorno a um tempo onde videogames eram mais simples, mas mais profundos. Onde nós não ligávamos consoles porque queríamos saber como continuava a história de algum personagem, ou porque estávamos querendo atirar em alguma coisa. Era uma época onde jogávamos para nos aventurar em um mundo diferente, quem sabe melhor do que a realidade.

Jogar Ocarina of Time 3D nos leva de volta a esse mundo mágico de Hyrule, mais precisamente a primeira Hyrule que muitos de nós vimos, onde podíamos ver pessoas diferentes, conhecer novas raças, caçar aranhas douradas, fantasmas gigantes, pescar peixes inteligentes até demais, resolver quebra-cabeças, enfrentar um Rei do Mau e seus principais servos, salvar uma princesa e, o mais importante, viver uma aventura da qual jamais esqueceríamos.


Quem não se lembra da primeira vez que derrotou Gohma? Quem não se lembra da primeira vez que retirou a Espada Mestre de seu pedestal? Das palavras de Sheik e de sua bela composição da Serenata da Água, uma das canções mais belas da série? Do confronto final com o vilão Ganon nas ruínas de seu castelo?
Todas essas são memórias que se alojaram naqueles que jogaram Ocarina of Time. Diante de tantas memórias, de tantas coisas de nosso passado, percebemos a relevância desse remake, além da relevância do próprio Ocarina of Time. Apesar de ser um jogo que usa o tempo para contar sua narrativa, Ocarina of Time é uma produção atemporal, algo que, não importa qual idade você tem, vai ser desfrutado da mesma forma que você desfrutou pela primeira vez.

Em Ocarina of Time 3D, você irá sentir novamente a ansiedade, a alegria, a tensão e o medo que você sentiu no passado.

A ansiedade de começar sua aventura...

A alegria de estar no caminho certo...

A tensão de certos encontros...
e de certas batalhas...

E o medo de monstros que lhe deram pesadelos...
A lenda retorna, melhor do que nunca
Um dos atrativos que Ocarina of Time tinha na época em que foi lançado, lá pra 1998, era sua jogabilidade feita em um mundo modelado em 3D. Não era só isso, tudo no jogo tinha ar de novidade, uma atmosfera envolvente e que faz falta em muitos dos jogos atuais. Mas, aí, surgia a dúvida. Como repassar uma atmosfera tão envolvente e com o mesmo impacto, se a mesma já tinha passado por vários jogadores?
É nessa hora que vemos como o estilo visual de Ocarina of Time 3D se destaca tão bem.
Ninguém é tolo o suficiente para achar que o Nintendo 3DS não é capaz de transmitir os visuais do Nintendo 64. O poderio gráfico mais elevado do portátil transmite uma Hyrule mais bonita, com mais detalhes.



Isso vale não só para os personagens do jogo, como também para os cenários. O pessoal da Grezzo, literalmente, colocou coisa onde não tinha.




O maior número de detalhes contribui para um mundo mais vivo, mais colorido. Achou a cidade de Hyrule bela e diferente? Espere só até ver a Kakariko Village, ou o interior de cada casa. As casas estão decoradas com prateleiras, retratos, papéis, cômodas, e até beliches!
O mundo de Ocarina of Time 3D é mais convincente do que o original, isso porque, ao entrar em uma casa, você pensa que realmente dá para morar em um canto como aquele.

O nível de detalhe se esvai para os itens também, com um destaque maior à Biggoron Sword, espada opcional do jogo. Na versão original, ela usava o mesmo modelo da Espada Mestre quando guardada, e sua única e realmente relevante diferença era seu tamanho. Nessa nova versão, a lâmina gigante tem um modelo e bainha únicos e você consegue notar, logo de cara, a diferença dela para a original.
Em resumo, tudo no jogo está belo, e tudo no jogo é mais fiel aos trabalhos de arte.

Mas todo esse nível de detalhes era um tanto esperado. Até porque, se trata de um remake de um jogo que tem mais de 13 anos. No quesito de melhoria mesmo, vemos algo que somente um console como o 3DS seria capaz de fazer, e isso são os controles do jogo.
É difícil falar desses controles assim... Especialmente quando eu tenho certeza que muitos de vocês já tenham uma ideia de como funciona. Então, vamos resumir dizendo que os controles nunca foram tão práticos e confortáveis como estão agora.


Como vocês podem ver pela imagem, não só o número de itens que podem ser usados instantaneamente é maior como também a Ocarina, item mais importante do jogo, tem um local só para ela, não estando dentre os itens que você tinha que escolher antes e, portanto, não ocupando um espaço tão precioso.
Outra enorme vantagem é a facilidade de acesso a coisas como túnicas, escudos e espadas. Basta tocar no botão GEAR e, mais rápido do que antes, você terá tudo a seu dispor, bastando selecionar o que você realmente deseja.
Falando de acessibilidade, eis uma coisa que os fãs old-school realmente gostem. Você detestava o Water Temple porque tinha de pausar o jogo e ficar trocando de bota a cada cinco minutos? Isso não existe aqui. Ambas as botas: Iron Boots e Hover Boots são colocadas como itens, e tudo o que você tem a fazer é pressionar um botão para que elas sejam ativadas. Faz uma enorme diferença, não é mesmo?
A mira também é algo facilitado, considerando os controles por movimento giroscópicos do 3DS, que lhe permitem uma mira mais apurada, facilitando muito certos mini-games e certas batalhas.
O controle giroscópico também permite um tipo de mover da câmera, deixando que você olhe seus arredores enquanto estiver segurando o botão L. Não exatamente faz muito sentido, especialmente para quem já terminou o jogo, mas é ótimo.

Ensinando novos truques a um clássico velho
No entanto, apesar de ser um jogo e tanto, Ocarina of Time 3D precisava de algo a mais que legitimasse, pelo menos mais um pouco, sua compra. É aí que entram alguns extras interessantes.


Pra começar, o jogo inaugura um tipo de Boss Run, no qual você pode reviver as memoráveis batalhas contra os chefes. Isso é um extra há muito aguardado pelos fãs da série e, apesar de ter sido implementado em Spirit Tracks, tem sua melhor forma bem aqui. Sentiu vontade de derrotar aquele chefe de novo? Volte para a casa de Link em Kokiri Village e cheque a cama para voltar àquele combate.

O jogo também conta com alguns extras especiais, feitos especialmente para facilitar a vida de novatos. Um exemplo deles é a famosa Sheikah Stone.


Essa versão mais amigável dessas pedras pode proporcionar ao jogador uma "visão do futuro", dizendo a ele, quase que exatamente, como se deve prosseguir caso ele esteja preso.
Na verdade, essas "ajudas aos iniciantes" está um pouco presente demais em certas partes do jogo. Foram feitas algumas leves adaptações nas falas dos personagens para se adicionar informações mais precisas a respeito de algo.
Não só em roteiro, mas em visual também. Pegue o Water Temple por exemplo...


Justamente para auxiliar os jogadores, são destacados os caminhos que podem ser tomados, assim como cenas levemente alteradas para revelar cantos bastante escondidos. Se você já chegou a terminar o jogo antes desse remake, é provável que você pense "Por que não colocaram isso na minha época?".

No entanto, nem tudo é fácil nesses extras. Ao terminar o jogo, você é recompensado com a famigerada Master Quest, uma versão mais difícil do jogo. A versão de Ocarina of Time 3D dessa Busca para Mestres é a mesma em questão de calabouços (são os mesmos puzzles da Master Quest original). No entanto, ela possui três diferenças básicas, e que fazem uma diferença altamente notável.


Primeiro: o jogo é completamente espelhado nessa Master Quest: todas as coisas estão invertidas e, apesar de não parecer muito, é capaz de lhe deixar um pouco confuso na primeira vez.
Segundo: você perde o dobro de corações nessa versão, o que torna certos inimigos, como os Stalfos e o Iron Knuckle, devastadores.
Terceiro: as Sheikah Stones mencionadas anteriormente não existem aqui. Pode-se dizer que você está por conta própria...

A Master Quest de Ocarina of Time 3D é verdadeiramente para Mestres e, caso você seja daqueles entusiasmados acerca de um modo (bem) mais difícil, acredite que vale a pena passar pelo jogo inteiro de novo.

No fim...
quando você derrota o temível Ganon e salva a terra de Hyrule, você percebe que a mágica de Ocarina of Time não está onde você pensou que estava. Ocarina of Time não é o melhor de todos porque os outros disseram isso; é o melhor de todos porque você disse isso. Não é uma aventura marcante porque os outros dizem; é porque você sentiu e ainda sente a marca dessa jornada. Não é Link que derrota Ganon e salva Hyrule; é você que seguiu em frente e fez isso.


Ocarina of Time não é o melhor por assuntos técnicos. Ele é o melhor por causa dos sentimentos que ele deixou em você. Não é possível superar Ocarina of Time aos meus olhos, não porque os próximos Zeldas não vão ter tecnologia o suficiente para isso... Mas porque a marca que Ocarina of Time deixou em mim quando mais novo foi tão profunda, que não pode ser substituída. Ocarina of Time nos marcou profundamente, não como jogo, mas como jornada, como uma lição de vida, e é por isso que, talvez, não há Zelda que o supere. Não temos mais a inocência da infância, e não podemos ser introduzidos novamente. Por conta disso, Ocarina of Time foi, é, e sempre será...


5 comentários:

  1. Aonde Baixa esse ggame em 3d?

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  2. Seu comentário inspira a vontade de conhecer o jogo e jogar! Afinal quem nao deseja relembrar algo que fez tão bem na vida?

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  3. Tive a oportunidade de conhecer recentemente esta obra-prima... O jogo realmente é atemporal, muito emocionante reviver toda a aventura. E a melhoria nos graficos deu uma renovada no OoT, dando vida em muitos lugares, tornando hyrule mais bela ainda... o melhor 3d (minha opniao) ate agora, tonando o jogo pazeroso e sensacao de novidade mesmo. Ao menos comigo, nao tive a impressao de jogar um game datado, pois mesmo algumas bordas quadradas que aparecem no game, dao um certo toque retro e traz nostalgia no momento...

    dica para quem quer jogar: desliguem o gisroscopio. Ele tira o foco do 3d. Apesar de diminuir a experiencia (varias maneiras de jogar), mas o 3d vale a pena ^^

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    1. Ocarina of Time é um jogo atemporal. Como eu falei antes, fiquei muito surpreso quando joguei a versão 3D, justamente por ser a mesma coisa e, ao mesmo tempo, ser algo completamente novo.

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  4. Realmente magnífica sua análise sobre o melhor jogo de toda a minha vida. Tenho até hoje meu Nintendo 64 com o cartucho. E não troco jamais,por nada! Zelda simplesmente marcou minha vida e até hoje marca. Sinto falta dessa magia que os antigos jogos proporcionavam,eu não vou dizer que sou contra jogos novos,mas infelizmente eles perderam o melhor de tudo a magia,o que pra mim em um jogo é tudo. Pois pra mim os jogos deveriam te levar a mundos além do nosso,assim como Zelda o faz. De certa forma hoje em dia só se preoculpam com gráficos Ultra,Super,Mega realistas,mas esquecem o toque mágico que os clássicos jogos faziam. Por isso que sempre admirei a Nintendo,muitos podem dizer a Nintendo só vive de Mario e Zelda. Mas quer saber toda vez que vem uma nova aventura do Mario,ou Zelda é sempre tudo mágico e cativante. Adorei de mais sua análise é tudo o que sempre senti jogando Zelda Ocarina of time o maior jogo de todos os tempos pra mim e tenho certeza que para muitos outros...

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