terça-feira, 3 de setembro de 2019

Hyrule Warriors: Definitive Edition - Análise





Desde que foi anunciada, basicamente, a versão original de Hyrule Warriors (primeiramente mostrada em 2013, e lançada em 2014) recebeu meu suporte incondicional. Mesmo não estando exatamente empolgado com a ideia quando a vi pela primeira vez, a ideia de um Musou no universo de Zelda não apelou simplesmente por ser um Musou, mas, sim, por duas grandes consequências desse formato.
A primeira delas seria a habilidade esperada de se utilizar diferentes personagens, e de se explorar uma trama bem diferente daquelas que são tão comuns na série Zelda.
A segunda, no entanto, era bem mais empolgante. Se obtivesse sucesso (o que foi obtido, apesar do descaso inicial, e da plataforma de escolha), aquilo poderia muito bem abrir as portas para um universo de diferentes pegadas em Zelda nos anos seguintes.

Me mantive continuamente otimista com os DLC's lançados para o jogo, mas, quando recebi a notícia de que um port estava sendo feito para o 3DS, meu otimismo deu lugar a desinteresse.
Por mais jogável que fosse, e por mais conteúdo que fosse adicionado, não deixava de ser estranho lançar uma versão tão mais interessante para uma plataforma não só mais fraca, mas, que realmente não precisava daquilo.
Por esses e outros fatores, realmente não liguei para um Hyrule Warriors Legends. Na verdade, o que eu mais queria era um Hyrule Warriors 2, ou algo do tipo.

Chega 2018, e uma terceira versão do jogo, Hyrule Warriors: Definitive Edition, é lançada para o Switch, contendo não só visuais um tantinho mais refinados do que na versão do Wii U (a taxa de frames é notavelmente melhor, por exemplo), como também todo o conteúdo explorado em ambas as versões do jogo, DLC incluso, e um bônus a mais na forma de roupas referentes ao incrível sucesso chamado Breath of the Wild.
O que mais machuca essa versão, no entanto, não é mais a opção de plataforma, nem o conteúdo, nem nada disso. O maior problema de Hyrule Warriors: Definitive Edition (ou HW, como vamos nos referir a ele durante essa análise) é o preço.
O jogo está, no momento desta escrita (que já é bem tardia, eu sei), custando nada menos do que US$59,99.

A essa altura do campeonato, nos custa perguntar se esse investimento todo vale a pena.

Se você não teve como jogar o título antes, em nenhuma de suas versões, e esse é, essencialmente, um jogo novo, então, tudo bem... O preço é salgado, mas, todo o conteúdo vai durar tempo mais que suficiente para você aproveitar, enjoar, e voltar para repetir o ciclo.
Caso você tenha jogado uma das versões anteriores, especialmente a de 3DS, bom... A coisa muda um pouco.

Como eu nunca cheguei a escrever uma análise para o Hyrule Warriors original (embora eu tenha começado a fazer isso), vamos fazer uma quebra geral da coisa.

A GUERRA DA FEITICEIRA NEGRA




Em um momento não especificado, uma poderosa feiticeira, a guardiã responsável por observar a linha do tempo que atravessa Hyrule, é corrompida quando se distrai ao admirar a alma eterna do Herói - uma figura que surge no reino de tempos em tempos, quando sua presença se torna inestimável.

Desejando tomar o Herói para si, assim como a Triforce, uma relíquia de proporções divinas que, em eventos passados, foi dividida entre a alma do Herói, a princesa Zelda, e cujo terceiro pedaço já se encontra nas mãos da feiticeira.

Apesar de passar um bom tempo tratando de exposição, a história de HW não é exatamente mais complicada do que a de qualquer outro jogo de Zelda. Na verdade, ela é quase tão simples, a maior exceção sendo o número bem maior de pessoas comentando sobre a situação atual.

A trama não é muita coisa, mas, assim como em todos os outros jogos da série Zelda, o que mais chama atenção aqui são os personagens coloridos que você encontrará ao longo do caminho. O que é diferente, no entanto, é que muitos personagens estarão constantemente juntos, interagindo entre si, tendo em vista a estrutura do jogo, e o fato de que todos eles precisam estar próximos de si para garantir as principais mecânicas do jogo.

Mesmo assim, é difícil não notar o charme que a coisa toda tem, ainda mais com personagens que não são o Herói o acompanhando em diferentes casos que basicamente só o teriam por perto.

Link enfrentando uma versão sombria dele mesmo? E com alguém comentando sobre a situação? E ainda com vários outros personagens por perto? Só em Hyrule Warriors...

Nessa particular versão de HW, a história se torna mais interessante quando se adicionam os diferentes pontos de vista de outros personagens, enriquecendo o conteúdo do jogo, mas, que acaba vindo ao custo de continuidade. Já que estamos falando da versão definitiva, que inclui o DLC de Wii U e todo o resto que foi adicionado em Legends, observamos o lado da vilã, uma história semi-paralela com a heroína mais tapada e mais amável de todas, e ainda temos um último capítulo onde se adicionam personagens de The Wind Waker.

Ressalto novamente que os personagens são o ponto forte, com a vilã, a feiticeira Cia, sendo um dos maiores destaques, graças à sua ambição e a maneira auto-destrutiva de alcançá-la.
As histórias extras também são bem divertidas, com a história da aspirante a heroína Linkle tendo tirado algumas risadas de mim. No caso dela, é tudo bem básico, sem quase nenhuma cena durante boa parte da aventura, e sim, mais uma série de desventuras pelas quais ela enfrenta antes de chegar ao seu destino final.
Já o capítulo extra, apesar de ser empolgante de primeira, não deixa de ser um tanto anti-climático frente aos combates épicos que vieram antes.



História definitivamente não é o ponto forte de HW, como já deixei claro. Mas, ela não deixa de ter seus bons momentos, exclusivamente por conta dos personagens que, de longe, são a parte mais interessante do pacote, e digo isso não somente por vê-los interagir entre si (o que quase garante ânimo de qualquer fã de Zelda), mas, principalmente, porque todos eles estão disponíveis como avatares para o jogador. E é aqui que a parte realmente boa entra.

AO CAMPO DE BATALHA!

Em termos de estrutura de jogo, HW não é nada diferente de vários outros jogos dentro da série Warriors da Koei Tecmo; na verdade, o jogo em si não é nada diferente de nenhuma oferta do gênero Musou. O que atrai aqui não é a variedade de modos, o combate analítico, a profunda atmosfera, ou o combate estratégico. O que atrai aqui é a mesma coisa que faz com que você retorne para um jogo como Streets of Rage ou TMNT: Partners in Time - a satisfação que dá encher o mundo de pancada.



Basicamente, é assim que funciona: os mapas em jogos Musou são bem grandes, e possuem um número absurdo de inimigos na tela, cada um deles sendo bem frágeis e que podem ser derrubados com apenas um golpe (dois ou três, se você estiver mais fraco). O objetivo é derrubar o maior número possível de inimigos para permitir que você possa fazer ataques especiais e, com isso, lidar com os inimigos realmente desafiadores: os generais e comandantes do exército oposto. Mais do que isso, é derrotando inimigos que você consegue conquistar bases para manter seu próprio exército bem defendido, e garantir que os seus números não caiam tão cedo. 

Ao mesmo tempo em que isso tudo acontece, é necessário ter atenção na saúde de seus próprios generais (salvando-os caso eles estejam muito fracos), mantendo-se atento também à Base Aliada, que precisa ser defendida a qualquer custo e, é claro, realizando os pequenos objetivos que o jogo atira em seu caminho.

Para fazer tudo isso, você terá a opção de jogar tanto com os personagens já liberados desde o começo (coisa que é mais seleta e exclusiva no modo de história do jogo, mas, bem mais livre nos demais modos) quanto com quaisquer outros que você destrancar no modo Legend (que é onde a história do jogo acontece) e no modo Adventure (que, apesar de não ter história, é o modo em que você vai passar a maior parte do tempo). 

Um dos pontos mais interessantes de HW é que cada um de seus personagens tem um modo de jogo completamente único, com alguns deles (leia-se, quatro) tendo múltiplos meios de combate. 
Certos personagens possuem uma disposição maior a lidar tanto com grandes grupos, quanto com inimigos solo, como o Link e a Zelda, enquanto outros são bem mais dispostos a lidar com grupos inteiros de inimigos, no caso de Linkle e Impa. 


Eu diria que a escolha do personagem depende muito da situação e do que você precisará fazer em uma missão, mas, isso realmente não é verdade, por conta de um outro sistema bem importante em jogos desse gênero: as mecânicas de RPG.

Durante os combates, seu personagem (ou personagens, no caso de Legends e da versão de que falamos) receberá pontos de experiência sempre que derrotar inimigos, coisa que você faz constantemente. Como é de se esperar, isso não só aumenta sua vitalidade, como também aumenta sua defesa geral, e sua força geral. 
Somando a isso tudo, também há um sistema de medalhas que dá ainda mais vantagens, como aumentar o valor de corações que você pode encontrar, além do seu combo, número de especiais que você pode realizar, a velocidade de acumular o especial, o tempo em que se usa os ataques mais selvagens, por aí vai.
Isso tudo sem contar dos pedaços de coração que estão em parte considerável das missões.

Sim, há um mundo de variações, e cada uma delas é extremamente importante. Mas, isso não significa que tudo será fácil.
Além dos combates contra os generais, o jogo terá outras formas de garantir que você esteja atento. 

O mais comum deles, e digo isso tendo em mente o número de modos em que aparece, é a aparição do que o jogo chama de "Chefes gigantes"; em outras palavras, estamos falando de monstros que costumam ser chefes em Zelda surgindo e causando destruição e caos no campo de batalha. Esses caras não só têm muita energia, como são devastadores, e só podem ser efetivamente derrubados com o uso de uma ferramenta em particular, como bombas, flechas, um bumerangue (todas as quais são destrancadas no modo Legend), que irá enfraquecê-los e deixá-los vulneráveis a ataques bem mais fortes. 


Apesar da boa execução, no entanto, é justo dizer que lutar contra certos Chefes gigantes pode ser um terrível teste de paciência. Eles não só podem ser horrivelmente resistentes (sendo necessários diversos ataques para que você possa derrotá-los), como também podem demorar eras para ficar vulneráveis a um ataque com ferramenta. Não é algo tão horrível no modo Legend, mas, é algo que é terrivelmente frustrante em outros modos.

O exército inimigo pode também ficar mais forte e, portanto, causar mais dano, assim como o seu próprio exército pode ficar mais fraco. 

Existe um mundo todo de elementos que mantêm o jogo desafiador durante boa parte da jornada, mas, o maior desses desafios é, de longe, o sistema de pontuação do modo Adventure.

Muitos dos principais prêmios que você pode adquirir no modo estão trancados por trás da pontuação máxima, que só pode ser adquirida se você terminar a batalha em menos de quinze minutos (o que pode ser bem irritante, considerando o que falamos antes dos Chefes Gigantes), ter derrubado pelo menos 1200 inimigos, e, talvez o mais difícil, sofrer um dano menor de 1200 (coisa que varia dependendo de quantos corações você tem).
Na versão do Wii U, a parte mais difícil era a questão do dano, já que um só golpe, e dos mais fracos, poderia lhe custar um total de 200 ou 300 de dano, que acumulava bem rápido, e levava a um estresse terrível.
Na versão definitiva, isso não é mais tão ruim, já que o dano parece ter sido rebalanceado para garantir que, para sequer chegar a 1200, você precisa apanhar... MUITO.

Isso não muda o fato de que conseguir a pontuação máxima pode ser bem difícil, em especial se você quer explorar o mapa tanto para encontrar pedaços de coração avulsos, ou as famigeradas Golden Skultullas.
É, elas estão nesse jogo, e só aparecem depois de certas condições serem satisfeitas. Pior ainda, elas não passam muito tempo no mapa, o que significa que você precisa ir até a parte indicada, e então, procurá-las naquele diâmetro, para finalmente poder acertá-las.

Na versão definitiva, isso, também, não é tão ruim graças à habilidade de mudar de personagens a qualquer momento. 
Essa é uma função que não está ativa o tempo todo, mas, que é extremamente útil quando funciona. Com ela, você pode mandar personagens para diferentes cantos do mapa (coisa que eles obedecem... na maior parte do tempo) em antecipação por um segredo, enquanto fica cuidando das coisas onde já está. Então, quando ver a oportunidade, você pode mudar de personagem para já realizar outras coisas sem perder tempo.

Exemplo: enquanto a Cia fica para lutar contra a Gohma (já que ela é inacreditavelmente efetiva contra ela), eu posso controlar o Link e fazê-lo correr para outro lado do mapa. No caso dessa tela, os dois estavam em pontos opostos, fazendo coisas diferentes, antes de se reunirem para apressar este conflito.

Essa mecânica também muda a dinâmica contra os "Chefes gigantes", já que, quando mais de um guerreiro controlável está por perto, é possível ativar uma série de vantagens que, honestamente, quase quebram o desafio da luta ao meio. 
Lutar com a Manhandla continua uma porcaria, no entanto...

VANTAGENS E DESVANTAGENS

Como disse antes, essa é uma ótima versão do jogo para quem não teve a chance de pegá-lo antes. HW conta com todo o conteúdo já disponibilizado, e é tanta coisa que você poderá passar meses jogando até finalmente chegar aos 25%!

Dito isso, há alguns probleminhas para quem veio das outras plataformas, o maior deles sendo o preço. Como já disse, é um preço salgado, até demais, para um port (muito melhorado, mas, um port de todo jeito). 
Outra questão, e essa me pegou de surpresa, veio com os gráficos. Por algum motivo (e isso só é notável nas cenas de vitória dos vários personagens), há um efeito de brilho que simplesmente não existia na versão de Wii U e que faz tudo parecer tão... estranho. Não é exatamente um problema em si, mas, não deixa de ser visualmente distrativo. Ainda bem que acontece em um momento em que você realmente não precisa nem ver.


Agora, o que você vai ouvir é o seu sistema praticamente gritando durante os combates. Sério, o Switch tem um pouquinho de problema, e lê tudo bem cuidadosamente, esquentando um bom bocado no processo. 

A versão do Switch, como é de esperar, tem cobertura pra quase todos os controles suportados pelo sistema: um só Joy-con, dois Joy-cons e um Pro Controller. O mais legal é que isso significa que você pode jogar multi-player numa boa.
Admito que não tive a oportunidade de fazê-lo, mas, sabendo que é um multi-player na mesma tela já deixa essa versão interessante.

No final das contas, Hyrule Warriors: Definitive Edition é um senhor port de um jogo já excelente. Com todas as pequenas melhorias e o universo de conteúdo, isso aqui é um jogo que vai lhe manter ativo por um bom tempo, assumindo que você goste de Musous pra começar.
Fã de Zelda, ou não, há algo aqui pra todo mundo.

4 de 4

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